tag:blogger.com,1999:blog-62578845607349363332024-02-26T07:03:11.484+00:00Constanza MuirinConstanza Muirinhttp://www.blogger.com/profile/11513634701612871054noreply@blogger.comBlogger45125tag:blogger.com,1999:blog-6257884560734936333.post-57595143852773621462013-03-25T14:06:00.002+00:002013-03-25T14:06:47.341+00:00<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Adormeço com o teu nome a abreviar os olhos, o marítimo monstro
</div>
<div class="MsoNormal">
que compele dolorosamente o corpo para o seu clamor de
lâminas</div>
<div class="MsoNormal">
onde as asas continuaram a ferir os séculos pelos séculos
sem estadia,</div>
<div class="MsoNormal">
o nome que se afoga na voz antes de pronunciado porque vive
por detrás dos teus </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
fica, ó nome, no arquejar da primavera mais nocturna</div>
<div class="MsoNormal">
os barcos cujas velas serpenteiam no vento sideral não podem
levar </div>
<div class="MsoNormal">
o tempo que ficou para trás, não querem os astros saber</div>
<div class="MsoNormal">
de que mares viemos nós para aportar a seus pés </div>
<div class="MsoNormal">
como crianças que reencontram o sopro da expansão ainda,
mesmo que interiormente</div>
<div class="MsoNormal">
por isso deixa-te estar à invasão da boca, não te direi
inteiro não te soprarei</div>
<div class="MsoNormal">
mas fica, que as serpentes rastejam ainda onde o sol se pôs
e o gelo cobriu o caminho</div>
<div class="MsoNormal">
prometido</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
não sibiles também o meu nome, que me foi dado sem que me
pertença</div>
<div class="MsoNormal">
porque se perdeu enfim onde Eles quiseram que me esquecesse
de tudo</div>
<div class="MsoNormal">
e os deuses em nós não conseguirão repetir do barro todas as
inscrições.</div>
<div class="MsoNormal">
como os corpos foram abandonados ao cio das noites, fomos
largados à espera.</div>
<div class="MsoNormal">
não sibiles o corpo despido, que amanhecerá antes que possas
dizer mas.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Queima a ti também saber que Eles sentenciarão que não será
claro o caminho?</div>
<div class="MsoNormal">
Saberás como eu que há cidades onde as rosas são verdes como
os espelhos </div>
<div class="MsoNormal">
e que apenas naquelas o exílio pleno será possível, porque é
sobre elas que o sol dura</div>
<div class="MsoNormal">
e é por baixo delas que a água pulsa: as circulares metrópoles
da obra</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Aí conceder-nos-ão Eles os nomes de tudo quanto arruinaremos
depois</div>
<div class="MsoNormal">
até que já não saibamos distinguir-nos um do outro, como o
tubarão e o homem que se uniram</div>
<div class="MsoNormal">
ulteriormente na demolição das pontes para saber como é voar</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
não esperes o mover das chamas, não esperes o lume exacto,</div>
<div class="MsoNormal">
deixa que ardam verdes já as línguas que consomem</div>
<div class="MsoNormal">
e não te disfarces mais, as claraboias entendem que o clamor
se concluirá,</div>
<div class="MsoNormal">
que a melancolia dos frutos morrentes é cheia de água na
terra</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
fica, então, nome inaugurado, na plenitude de todos os digitais
crepúsculos divinos</div>
<div class="MsoNormal">
até que ardam esses olhos no lugar de queimar, </div>
<div class="MsoNormal">
até que possamos olhar os deuses descansados na esperança
que precede a espera,</div>
<div class="MsoNormal">
até que possamos olhar os deuses adormecidos</div>
<div class="MsoNormal">
até que possamos ver os deuses dormir</div>
Constanza Muirinhttp://www.blogger.com/profile/11513634701612871054noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-6257884560734936333.post-63095750968301056402012-12-30T11:55:00.000+00:002012-12-30T11:55:37.411+00:00<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;">Deus
não ri porque é eterno</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;">Os
animais não riem porque desconhecem a morte</span> </div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;">Nós
rimos porque a esperamos</span> </div>
<div class="MsoNormal">
Por isso aproxima o copo do espaço estrelado silencioso e
oco</div>
<div class="MsoNormal">
E ri-te</div>
<div class="MsoNormal">
E bebe as questões que a eternidade não quis responder</div>
<div class="MsoNormal">
As cordas da harpa ainda repetem sob os rochedos</div>
<div class="MsoNormal">
Há neles escamas de miséria que reluzem como amantes</div>
<div class="MsoNormal">
E ouvem-se longínquos uivos dos ossos que duraram</div>
<div class="MsoNormal">
Os navios </div>
<div class="MsoNormal">
Nascem dos indefinidos olhos dos deuses</div>
<div class="MsoNormal">
Até à língua do primeiro homem que vigiou o abismo</div>
<div class="MsoNormal">
A última gargalhada de Cristo</div>
<div class="MsoNormal">
Com o pesar da culpa ulterior na rouquidão da voz</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A terra sempre resistiu aos clamores</div>
Constanza Muirinhttp://www.blogger.com/profile/11513634701612871054noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-6257884560734936333.post-29342455631377533992012-12-27T20:39:00.006+00:002012-12-27T20:39:42.217+00:00"MELANCOLIA DA RESISTÊNCIA"<br />
<div class="MsoNormal">
<i>Conheci a beleza que
nunca morre e fiquei triste<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">a János Valuska<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
As guerras circularam
na conclusão da tua inocência</div>
<div class="MsoNormal">
No eclipse de um inverno em que morfinizavas </div>
<div class="MsoNormal">
Aconteceste no olho sagrado e triste </div>
<div class="MsoNormal">
Onde os homens se dispersaram na ignorância</div>
<div class="MsoNormal">
O oceano inteiro foi silenciado sob a marcha da ignorância</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Perante aquele olho a impassibilidade da velhice foi forçada
a olhar para trás</div>
<div class="MsoNormal">
Como no vazio inicial onde</div>
<div class="MsoNormal">
Os teus pés foram
forjados pela pureza da equidade do caos</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Dispersa-te pela voz das feras que compreendes com</div>
<div class="MsoNormal">
O terror das inocentes mãos frias</div>
<div class="MsoNormal">
Onde há uma criança omnipresente como o voo dos sussurros</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A tua aparição ainda dói as ruas onde te roubaram</div>
<div class="MsoNormal">
E se hoje ainda neva é porque a tua sombra aconteceu pelas
pedras</div>
<div class="MsoNormal">
Porque a aspereza do tempo apenas te apartava do adormecer</div>
<div class="MsoNormal">
Mas não ficava depois de atravessares a escuridão do cosmos</div>
<div class="MsoNormal">
Com teu rastilho de asas de quem</div>
<div class="MsoNormal">
Assistindo à lobotomia da beleza não é capaz de dissimular </div>
<div class="MsoNormal">
Nem de marchar em coro </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Não é verdade que os bêbados ainda dancem como tu lhes
ensinaste</div>
<div class="MsoNormal">
Nem que os velhos tenham entristecido um pouco depois da
beleza</div>
<div class="MsoNormal">
Mas sabes</div>
<div class="MsoNormal">
Depois de ti</div>
<div class="MsoNormal">
Há ainda uma pequena cidade coberta de branco e de anemia</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Constanza Muirinhttp://www.blogger.com/profile/11513634701612871054noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6257884560734936333.post-64722913657436539372012-12-15T17:49:00.000+00:002012-12-15T17:49:35.057+00:00SONATA DOS HOMENS TRISTES<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Onde foram os homens tristes?</div>
<div class="MsoNormal">
Se os chamo, eles já não conhecem a lealdade</div>
<div class="MsoNormal">
Peço o traço de sangue que cabe aos irmãos</div>
<div class="MsoNormal">
E eles afastam-se lentamente como nos sonhos</div>
<div class="MsoNormal">
As estações que se despedem</div>
<div class="MsoNormal">
Não são as mesmas que regressam</div>
<div class="MsoNormal">
O contrário é uma mentira que nos pregam</div>
<div class="MsoNormal">
Para que continuemos a acreditar na ressurreição </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Onde foram os homens tristes?</div>
<div class="MsoNormal">
Quando esta cidade envelhecer será dia</div>
<div class="MsoNormal">
De noite</div>
<div class="MsoNormal">
Eles terão chorado perto dos cavalos como Nietszche</div>
<div class="MsoNormal">
Depois partirão para Veneza </div>
<div class="MsoNormal">
Onde nem a inocência os salvará da peste</div>
<div class="MsoNormal">
Mesmo que com a certeza de que a beleza quando colhida</div>
<div class="MsoNormal">
Não se tornará efémera como eles</div>
<div class="MsoNormal">
Andarão pelas gôndolas como andaram pela vida</div>
<div class="MsoNormal">
Conduzidos por Caronte desde o dia em que foram</div>
<div class="MsoNormal">
De que lhes valem as raízes e as visões e a melancólica
cabeça do inverno</div>
<div class="MsoNormal">
Se a morte pôde condecorar de mágoa os pés da primavera?</div>
<div class="MsoNormal">
Sim</div>
<div class="MsoNormal">
Talvez as estações possam voltar as mesmas</div>
<div class="MsoNormal">
Quando a tristeza dos homens tiver sido apenas um
preconceito de deus</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Constanza Muirinhttp://www.blogger.com/profile/11513634701612871054noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6257884560734936333.post-4267561013315984572012-12-05T15:39:00.002+00:002012-12-05T15:39:58.806+00:00<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Os cabelos não recorrem à sentença azul do antigo sopro</div>
<div class="MsoNormal">
Os lábios cantam destemidos e nublados como o navio </div>
<div class="MsoNormal">
Onde outrora os avistariam desaparecer</div>
<div class="MsoNormal">
Depois da vergonha</div>
<div class="MsoNormal">
Com as bocas roxas de espuma e limos e navalhas</div>
<div class="MsoNormal">
Eles desacreditam os nomes imprecisos da solidão mendigada</div>
<div class="MsoNormal">
“Jane Zelda Catherine Lizzie Nora Ofélia” dizem</div>
<div class="MsoNormal">
E os vultos nomeados volvem em cada quarto as valsas de lume</div>
<div class="MsoNormal">
Neblinas de lume a incendiar a esfíngica ideia sobre os
pavios da opressão</div>
<div class="MsoNormal">
A vela débil aos lábios na manhã desabitada sobre a
secretária ondula</div>
<div class="MsoNormal">
Um restolhar de papeis embriagados de tinta roídos de beleza
oxigena</div>
<div class="MsoNormal">
Ouvi ainda como as loucas cantam no cais do medo anunciado pela
vossa poesia</div>
<div class="MsoNormal">
Onde se insuflava a vossa promessa de velejar</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
São vossas as prateleiras escarradas de fumo de nódoas de êxtase
</div>
<div class="MsoNormal">
Mas escutem como as loucas voltam às estantes às mesas às
palavras </div>
<div class="MsoNormal">
Cuja opacidade adivinha o toque da pele envelhecida de
séculos deliberados </div>
<div class="MsoNormal">
E estremece ao despontar da claridade nas lombadas
empoeiradas das alturas</div>
<div class="MsoNormal">
Onde as aranhas edificaram asas no Tempo e as rosas
pirogravadas ao longo da vigília</div>
<div class="MsoNormal">
Adejaram para perto da folhagem escorrida para cima</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
À elegíaca vela os dedos antigos das mulheres amadas devolvem
a extinção </div>
<div class="MsoNormal">
À última valsa sob o nevoeiro descrente cedida na esquina de
uma rua oblíqua</div>
<div class="MsoNormal">
Absolvidas de noite </div>
<div class="MsoNormal">
Escolhidas por um deus sem nome que as obrigasse a repetir-se</div>
<div class="MsoNormal">
Com voz de poetas deus disse-lhes </div>
<div class="MsoNormal">
“Submeteram as palavras indefesas a encerrar os olhos”</div>
<div class="MsoNormal">
E elas abdicariam agora das palavras celestiais se pudessem </div>
<div class="MsoNormal">
Esperariam até no inferno que a espera é a mesma em qualquer
imagem </div>
<div class="MsoNormal">
Benevolentes mesmo que coagidas pelo epílogo dos edifícios a
descontinuar-se</div>
<div class="MsoNormal">
Desde o prelúdio loucas ainda hesitam no cais cravado na
manhã</div>
<div class="MsoNormal">
Com as mãos trémulas de caligrafias de divãs de pavor</div>
<div class="MsoNormal">
Suas silhuetas reminiscentes ainda aguardam e sorriem e metamorfoseiam
</div>
<div class="MsoNormal">
Mas a melancolia ainda se sente </div>
<div class="MsoNormal">
Cruel</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Constanza Muirinhttp://www.blogger.com/profile/11513634701612871054noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6257884560734936333.post-74895546673096932062012-12-05T11:38:00.001+00:002012-12-05T11:38:23.635+00:00Excerto de romance<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 115%;"><span style="font-size: large;">O Frio é o companheiro de todas as horas do Sr.
Américo e mais uma vez fielmente o espera à saída do bar. O velho chega à
fábrica a abanar a cabeça ao som dos animais que caem pelas chaminés e abre a
porta de sua casa e não a torna a fechar para sentir o Frio inteiro nos ossos.
Arqueado como se conspirasse, vai direito à poltrona de veludo verde onde se
sentava com Margarita a ver televisão. Deita a mão à mesa de apoio, acende o
candeeiro de luz cor-de-rosa e da gaveta retira uma corda, cuja perfeição do
laço o comove sempre. Deposita-a cuidadosamente sobre a magreza das pernas. Com
os dedos engelhados, percorre as curvas sinuosas e antigas da corda, o
intricado de fibras, como quem afaga o pêlo de um pequeno gato. Na verdade, quase
pode ouvir a corda ronronar. Sabe que não precisa de pensar muito para saber o
motivo pelo qual a sua mulher quis terminar com a própria vida, mas a velhice é
uma óptima desculpa para esquecer. </span></span></div>
Constanza Muirinhttp://www.blogger.com/profile/11513634701612871054noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6257884560734936333.post-41190284575135655782012-11-28T13:04:00.004+00:002012-11-28T13:04:43.665+00:00O Anjo<br />
<div class="MsoNormal">
<i>Ofereço flores murchas
a uma puta solitária<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i>Talvez mais solitária
do que eu<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i>Sua sombra esganiçada
de gritos explosivos agradece<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i>E quem sabe aponte a
minha própria sombra<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i>E eu veja que ambas
estão apaixonadas<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal">
ao
poeta Alisson da Hora</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ao meu inimigo dei o dever</div>
<div class="MsoNormal">
de ser eu</div>
<div class="MsoNormal">
não podemos enforcar-nos ao mesmo tempo</div>
<div class="MsoNormal">
sob a mesma metáfora</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
dei-lhe o dever de como eu</div>
<div class="MsoNormal">
um poeta como eu</div>
<div class="MsoNormal">
Homem como eu</div>
<div class="MsoNormal">
esperar</div>
<div class="MsoNormal">
porque o Homem foi feito à imagem dos precipícios</div>
<div class="MsoNormal">
os precipícios foram feitos à imagem do amor</div>
<div class="MsoNormal">
o amor foi feito à imagem da morte</div>
<div class="MsoNormal">
a morte foi feita à imagem do esquecimento</div>
<div class="MsoNormal">
o esquecimento foi feito à imagem de Deus</div>
<div class="MsoNormal">
Deus foi feito à imagem do Homem</div>
<div class="MsoNormal">
e ele conseguiu olhar-se todos os espelhos</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial;">- Então, vamos?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial;">- Vamos <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial;">Não nos movemos</span></div>
Constanza Muirinhttp://www.blogger.com/profile/11513634701612871054noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-6257884560734936333.post-23927005818283960542012-11-20T01:33:00.003+00:002012-11-20T01:33:52.492+00:00<br />
<div class="MsoNormal">
Adormeci à manhã entreaberta </div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">Com o odor da noite ainda no sangue do nome</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">Que esqueci de proteger da recordação das rosas</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">Adormeci </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">Nesta cama nesta cama de gritos</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">Onde a menstruação procura o retorno ao corpo vazio</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">E não encontra o princípio do pecado ao lume da única vela</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">Como as mulheres que fui se revolucionaram pelos becos!</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">As sombras as sombras diluem-se no rio aos pés da antemanhã</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">No escuro das metáforas</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">À luz das crisálidas devoradas aos amantes antecipados</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">O rastilho da impotência a beijar a pele dos homens</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">Como são dóceis quando da fome restam apenas as migalhas!</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">Os punhos erguidos à intransigência das eclesiásticas razões</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">Rasto de lobos na insipidez de uma palavra amargurada</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">Não vêm nada os olhos impedidos pelas mãos de agarrar as
palavras</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">As palavras que partem do centro do fôlego até ao convexo</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">De uma vagina canonizada pela liberdade</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">Emancipada loucura ser!</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">Adormecermos é a nossa única semelhança </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">Os loucos andarão pelos sonhos como os mentirosos</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">Também as virgens serão esquecidas</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">E a ternura poderá exalar a tinta do nome às rosas
segredadas </span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">Oh adormecer</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;"> Com as palavras
cerradas no precipício pesadelar das formas</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">Com as mãos inacessíveis com o brando murmúrio mórfico sobre
os olhos</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">E a minha condição não estremeceu ao sentir o seu sopro</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">O sopro morno de quando a morte é apenas uma reminiscência</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">E deus é uma criança perdida que sorri por não ter respostas</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">Oh adormecer interiormente na memória </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">Adormecer tristemente melancolicamente nas ruas lúgubres </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">Com a manhã inteira a mendigar metáforas à ternura do
passado </span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">Espreito a morte no restolhar das folhas do sono</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">Nada mais estremece</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">A pele primordial e eterna já não estremece</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">A pele consolidada e silenciosa já não estremece</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">A pele harmoniosa e terna já não estremece</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Constanza Muirinhttp://www.blogger.com/profile/11513634701612871054noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6257884560734936333.post-47739036913162473282012-11-19T23:53:00.003+00:002012-11-19T23:57:23.815+00:00Excerto de Romance<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: large; line-height: 115%;">A velhice do Sr. Américo revela-se agora a Bel
mais do que uma questão capilar. Não é sequer na curvatura exagerada da coluna
nem naquelas mãos áridas que ela se manifesta. É mais profunda até que as adegas
daquele olhar voltado para trás. A velhice do Sr. Américo está enraizada no
definitivo do seu espírito imutável, num carácter de sedentarização do
pensamento que já não admite uma procura de uma nova razão. Mais do que tudo, é
uma vontade para confidências que Bel não compreende. O Sr. Américo já passara
a idade de se envergonhar e a mesquinhez das suas palavras não consegue fazer sequer
com que Bel se apiede dele. </span>Constanza Muirinhttp://www.blogger.com/profile/11513634701612871054noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6257884560734936333.post-23665927587850732092012-11-05T01:54:00.003+00:002012-11-05T01:55:48.504+00:00CTONIA I<span style="font-size: large;"><br /></span>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: large; line-height: 115%;">Que a visão derrotada sobre os pulsos<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: large; line-height: 115%;">Esconjurados pela combustão da rosa por oferecer<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: large; line-height: 115%;">Essa que a retina empederniu no lento adeus<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;"><span style="font-size: large;">Com o reconciliar da loucura se vertesse lúcida</span><span style="font-size: x-small;"><o:p></o:p></span></span></div>
<!--EndFragment--><br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Constanza Muirinhttp://www.blogger.com/profile/11513634701612871054noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6257884560734936333.post-70816072569961636952012-11-05T01:52:00.000+00:002012-11-05T01:55:30.881+00:00CTONIA III<span style="font-size: large;"><br /></span>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: large; line-height: 115%;">Dá-me <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: large; line-height: 115%;">A toxicofilia clarividente dos elementos que possuis<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: large; line-height: 115%;">As mãos assim amarradas já não podem deter<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: large; line-height: 115%;">A aparência dos pretextos com que deslocas os
corredores<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: large; line-height: 115%;">Sussurra-me<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: large; line-height: 115%;">A alquímica coragem com que desapertas as escolhas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: large; line-height: 115%;">Encadernadas de fora para dentro<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: large; line-height: 115%;">Arruína <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: large; line-height: 115%;">Da terra privada dos bolsos o lume da tua mão
esquerda<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: large; line-height: 115%;">Onde os homens que me amaram se submetem à tua
tirania<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: large; line-height: 115%;">E conclui o mármore do teu silencioso sexo <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;"><span style="font-size: large;">Porque a singularidade da beleza jamais permitirá
que sejas de alguém</span><span style="font-size: x-small;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Constanza Muirinhttp://www.blogger.com/profile/11513634701612871054noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6257884560734936333.post-50199628669546511892012-10-04T10:48:00.003+01:002012-10-04T10:48:32.544+01:00PRIMEIRA CONFISSÃO<br />
<div class="MsoNormal">
Que encruzilhadas escondes na nudez do teu uivo?</div>
<div class="MsoNormal">
Apieda-te dos emancipados mistérios do incesto</div>
<div class="MsoNormal">
E murmura <i>por favor</i>
na melosa melancolia dos espelhos</div>
<div class="MsoNormal">
Podes abrir a janela e trazer-me um copo?</div>
<div class="MsoNormal">
Só tive direito a uma dança sobre a tua cama</div>
<div class="MsoNormal">
Perdi-a para a reencarnação ulterior</div>
<div class="MsoNormal">
Sei que imitas os livros que te silenciaram</div>
<div class="MsoNormal">
Somos esquissos da fantasia do mesmo deus</div>
<div class="MsoNormal">
Mas de que serve vasculhar a verdade </div>
<div class="MsoNormal">
Algures nas palavras onde ele a escondeu</div>
<div class="MsoNormal">
Se a morte ainda não foi reinventada</div>
<div class="MsoNormal">
E a imortalidade se apaixonou pelos reposteiros </div>
<div class="MsoNormal">
Onde se encolhe como uma criança e não nos cabe?</div>
<div class="MsoNormal">
Oh gloriosa inutilidade romântica deste asilo do evocar</div>
<div class="MsoNormal">
Esses cemitérios onde pudemos cuspir sem que ninguém
descobrisse</div>
<div class="MsoNormal">
Estes mortos recordados nas assombradas pétalas violeta do
riso</div>
<div class="MsoNormal">
Oh as tuas mentiras magníficas que fazem as lendas corar!</div>
<div class="MsoNormal">
As tuas certezas secularmente sacrificiais!</div>
<div class="MsoNormal">
Desprezo-as, cantando-as</div>
<div class="MsoNormal">
<i>Como poderás ser um
bom poeta se temes a morte?<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal">
Desprezo-te e canto-te</div>
<div class="MsoNormal">
Minha oblíqua insonolência transfigurado reflexo da dúvida</div>
<div class="MsoNormal">
Mudez enegrecida de neve condensada no olhar</div>
<div class="MsoNormal">
Odiosa verosimilhança dos contrastes no escuro</div>
<div class="MsoNormal">
Ficção doentia dissimulada no disfarce do corpo altivo</div>
<div class="MsoNormal">
Desprezo-te e amaldiçoo-te, lixo de luxúria</div>
<div class="MsoNormal">
Corrupção perfeita consciente e vil</div>
<div class="MsoNormal">
Danação com presunções a negras asas de anjo</div>
<div class="MsoNormal">
Elegia excomungada do amor</div>
<div class="MsoNormal">
Cauchemar cauchemar</div>
Constanza Muirinhttp://www.blogger.com/profile/11513634701612871054noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6257884560734936333.post-22807583510780053042012-10-03T23:17:00.001+01:002012-10-03T23:17:57.279+01:00<br />
<div class="MsoNormal">
Demito-me das convicções pelo hábito</div>
<div class="MsoNormal">
Das lágrimas <i>ar</i>riscadamente
íntimas</div>
<div class="MsoNormal">
Do mutismo que fica depois de nos atirarem aos cães</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Demito-me da saudade e dos retratos de sol</div>
<div class="MsoNormal">
Sobre os rios que aspergem o norte consciente</div>
<div class="MsoNormal">
Aos límpidos pés da noite clara e aberta como uma praça</div>
<div class="MsoNormal">
Com seu planar de abutres e de papeis e de passos em eco</div>
<div class="MsoNormal">
Demito-me da memória púrpura da beleza </div>
<div class="MsoNormal">
Incendeio a morte à ponta dos cigarros dos dedos dos cabelos</div>
<div class="MsoNormal">
Da abstracta saliva dos beijos recordados</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Demito-me </div>
<div class="MsoNormal">
De esperar os pós sobre estes olhos malditos</div>
<div class="MsoNormal">
Morfeu está cansado! O poeta é morto!</div>
<div class="MsoNormal">
Os versos nunca poderiam ser insubstituíveis…</div>
<div class="MsoNormal">
Demito-os </div>
<div class="MsoNormal">
Deportei a poesia para o país que lhe compete</div>
<div class="MsoNormal">
O silêncio dos rumores dos filamentos das raízes</div>
<div class="MsoNormal">
Onde os dedos a suprem
de cabelos evocados no rasto tinto</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Constanza Muirinhttp://www.blogger.com/profile/11513634701612871054noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6257884560734936333.post-73189550801110207152012-10-03T23:13:00.001+01:002012-10-03T23:13:59.693+01:00<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Descontinuada aconteceu chuva evoco-a sozinha</div>
<div class="MsoNormal">
Acontece que ainda creio aquaticamente </div>
<div class="MsoNormal">
Comemoro-a sozinha</div>
<div class="MsoNormal">
Bebo-a sozinha</div>
<div class="MsoNormal">
E a solidão é apenas o interromper entre a chuva </div>
<div class="MsoNormal">
No silêncio suspenso entre ela e o universo</div>
Constanza Muirinhttp://www.blogger.com/profile/11513634701612871054noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6257884560734936333.post-51631334795758171992012-10-03T23:12:00.002+01:002012-10-03T23:12:24.442+01:00<br />
<div class="MsoNormal">
Versos são quartos provisórios</div>
<div class="MsoNormal">
Dilúvio de mortos acesos </div>
<div class="MsoNormal">
Asilados anoiteceres pelas paredes </div>
<div class="MsoNormal">
Onde a ironia está de luto há</div>
<div class="MsoNormal">
Fragmentos translúcidos de demências </div>
<div class="MsoNormal">
Catalepsia os outros </div>
<div class="MsoNormal">
Nós somos tão poucos </div>
<div class="MsoNormal">
Tão poucos para aniquilar </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Sulfúrica perturbação de amanhecer</div>
<div class="MsoNormal">
A vista cansada</div>
Constanza Muirinhttp://www.blogger.com/profile/11513634701612871054noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6257884560734936333.post-83754236868766196532012-09-29T17:05:00.002+01:002012-09-29T17:05:34.967+01:00<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Longínqua ainda se ouve a ébria conclusão do mar</div>
<div class="MsoNormal">
Hermético sal que ao incendiar se une nos passos</div>
<div class="MsoNormal">
Açucarados cabelos da expectativa nocturna</div>
<div class="MsoNormal">
Os aproximados beijos da estátua espinhosa </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Silhuetas reunidas no sangramento das esferas</div>
<div class="MsoNormal">
Trilhos de hera nos pés condecorados de evasões</div>
<div class="MsoNormal">
Descem para o interior da Hora as silhuetas</div>
<div class="MsoNormal">
Ressurgem na imortalidade rosas abreviadas</div>
<div class="MsoNormal">
A luminosidade prateada do respirar ascende reencontrada</div>
<div class="MsoNormal">
É meia-noite </div>
<div class="MsoNormal">
Ofereceram-se as mãos</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Escuta</div>
<div class="MsoNormal">
Finalmente chove</div>
Constanza Muirinhttp://www.blogger.com/profile/11513634701612871054noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6257884560734936333.post-55712716763295073402012-09-23T16:16:00.002+01:002012-09-23T16:16:50.930+01:00<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O estro adia a estação onde tropeçamos outonalmente nos
nomes caídos</div>
<div class="MsoNormal">
A comoção dissolve lentamente as verdes paredes do sono </div>
<div class="MsoNormal">
A claridade vencida já não consegue curar os filamentos das
folhas </div>
<div class="MsoNormal">
Nem o sentido de tempo nem as ruínas dos dias indigo na abreviação
de lábios</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
No azularem-se as nascentes dos caules dos búzios dos ossos
negros gravados </div>
<div class="MsoNormal">
Na água que propõe o desígnio das limalhas dos desertos interiores
</div>
<div class="MsoNormal">
De naufrágios cauterizados de conquistas acidentadas de
lodos e de nenúfares</div>
<div class="MsoNormal">
Enquanto as chuvas não chegaram para entornar o mar para
fora do abismo</div>
<div class="MsoNormal">
As rosas foram dolorosamente arrancadas ao sono logo depois
de inventadas</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Nas aquáticas detonações da vontade aninhou-se a obsessão
pelo amor</div>
<div class="MsoNormal">
Como se essa palavra fosse encontrada pela primeira vez </div>
<div class="MsoNormal">
E o universo atento e inteiro se movesse por ela </div>
<div class="MsoNormal">
Como a uma matriz a que todas as outras palavras quisessem regressar
</div>
<div class="MsoNormal">
Como pomos repetidos bagas renovadas alternadas na escassez
de um abraço </div>
<div class="MsoNormal">
Para convirem ao poema arvorado com a profundidade marítima emancipada
</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Há sempre o impedimento das travessias às palavras mais
escarpadas</div>
<div class="MsoNormal">
O amor não consente uma redenção o amor não foi ensinado a
omitir</div>
<div class="MsoNormal">
Conhece a sua própria dívida como um princípio sanguíneo a
que abjurasse</div>
<div class="MsoNormal">
Por isso o forjar da espera é maior do que uma esperança </div>
<div class="MsoNormal">
É a humildade da espera que deixa a porta redentora
encostada</div>
<div class="MsoNormal">
É essa palavra que coexiste com os vultos inomináveis dos
espelhos </div>
<div class="MsoNormal">
É a partir dela que a assimetria de todas as outras aflui na
limpidez</div>
<div class="MsoNormal">
É nas dunas do remoto corpo adormecido que a pele se consagra
</div>
<div class="MsoNormal">
À existência salutar do inextinguível desígnio </div>
Constanza Muirinhttp://www.blogger.com/profile/11513634701612871054noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6257884560734936333.post-62730404135889329902012-09-21T21:31:00.000+01:002012-09-21T21:31:47.771+01:00A ROSA ABSTRACTA<br />
<div class="MsoNormal">
<o:p> </o:p><i><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 115%;"> j'ai
cru te savoir par touts les noms muet, anticipé de l'amour</span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 10.0pt; line-height: 115%;"> Ao Tristan<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Cumpre-se a neve contra as artérias</div>
<div class="MsoNormal">
Cumpre-se o homem o sangue (d)a rosa abstracta</div>
<div class="MsoNormal">
Cumpre-se a porta de <span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial;">Hamelin</span><span class="apple-converted-space"><span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 115%;">:</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
A imaterialidade de um menino que dorme</div>
<div class="MsoNormal">
(Voltado para baixo com a mão sobre o alento </div>
<div class="MsoNormal">
Com a mão no abdómen com os olhos algures </div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="background: white; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";">Supõe-se protegido
quando em cinza se disfarça</span><o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal">
Entre o amor e o lume dos pêssegos reinventados)</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Órficos os passos ofídios e sete cigarros vezes sete</div>
<div class="MsoNormal">
E uma noiva que acaba na gravidade da fala </div>
<div class="MsoNormal">
E a prestidigitação de versos nas mãos ilusionistas</div>
<div class="MsoNormal">
Célticas frias tão escassas – as mãos</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Explicavas </div>
<div class="MsoNormal">
Como quem procurava ajustar o silêncio </div>
<div class="MsoNormal">
Explicavas<b><span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 115%;"> </span></b></div>
<div style="background: white; line-height: 19.5pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Tahoma; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Amo devagar os
amigos que são tristes<o:p></o:p></span></i></div>
<div style="background: white; line-height: 19.5pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Tahoma; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">com cinco dedos
de cada lado.<o:p></o:p></span></i></div>
<div style="background: white; line-height: 19.5pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Tahoma; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Os amigos
enlouquecem<o:p></o:p></span></i></div>
<div style="background: white; line-height: 19.5pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Tahoma; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">e estão sentados,<o:p></o:p></span></i></div>
<div style="background: white; line-height: 19.5pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Tahoma; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">fechando os
olhos,<o:p></o:p></span></i></div>
<div style="background: white; line-height: 19.5pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Tahoma; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">com os livros
atrás a arder<o:p></o:p></span></i></div>
<div style="background: white; line-height: 19.5pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Tahoma; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">para toda a
eternidade.<o:p></o:p></span></i></div>
<div style="background: white; line-height: 19.5pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Tahoma; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Não os chamo,<o:p></o:p></span></i></div>
<div style="background: white; line-height: 19.5pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Tahoma; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">e eles voltam-se
profundamente<o:p></o:p></span></i></div>
<div style="background: white; line-height: 19.5pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Tahoma; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">dentro do fogo.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Herpéton
por uma cidade luminosa a oscilar na opacidade da noite<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Herpéton
onde o álcool e as horas nos empurravam contra o crescimento<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Com
as palavras a escapar dos cabelos, perto da música e do propósito</span></div>
<div class="MsoNormal">
Com o estalar da cumplicidade às pontes dos dedos</div>
<div class="MsoNormal">
<i>Sonolêncio,<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal">
Retomas ainda a experiência de luas por escrever</div>
<div class="MsoNormal">
Espera, escuto:</div>
<div style="background: white; line-height: 19.5pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">-Temos um talento doloroso e obscuro<o:p></o:p></span></i></div>
<div style="background: white; line-height: 19.5pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Construímos um lugar de silêncio<o:p></o:p></span></i></div>
<div style="background: white; line-height: 19.5pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">De paixão.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Volvidas as estações e as noites,</div>
<div class="MsoNormal">
Meu irmão,</div>
<div class="MsoNormal">
Há que voltar para casa</div>
<div class="MsoNormal">
E amadurecer</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Constanza Muirinhttp://www.blogger.com/profile/11513634701612871054noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6257884560734936333.post-74738148593785608422012-09-21T20:46:00.004+01:002012-09-21T21:22:39.528+01:00 SÓ AS NOITES DEPOIS DA DESPEDIDA<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Só as noites depois da despedida se podem celebrar musas</div>
<div class="MsoNormal">
Com seus cabelos de tenebrosa avalanche de dúvidas</div>
<div class="MsoNormal">
Seus dedos pálidos de alegoria de catacumbas</div>
<div class="MsoNormal">
Sua infinita boca de hermética humidade a ecoar</div>
<div class="MsoNormal">
Seus crípticos olhos de alheamento cruel e breve </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Só as noites depois da despedida são as únicas futuras</div>
<div class="MsoNormal">
De pés aos farrapos adiados pelos subterrâneos das estações</div>
<div class="MsoNormal">
Com os flocos da intuição revolvidos dos invernos em
suspenso </div>
<div class="MsoNormal">
E o órfão nome da besta tremulamente domesticado pela espera</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Só as noites depois da despedida se podem considerar
definitivas</div>
<div class="MsoNormal">
Onde encalharam os marinheiros de pó e o nevoeiro dos
abismos</div>
<div class="MsoNormal">
As pontes velhas desmoronadas e as luvas dos homicidas
cauterizadas</div>
<div class="MsoNormal">
Os gritos adormecidos na confiança da revolta pelo sangue de
alguns poetas</div>
<div class="MsoNormal">
As viúvas e as amantes e as filhas e as prostitutas e as
anónimas que acreditam</div>
<div class="MsoNormal">
As convulsões depois das feridas e o choque e o asfalto das
palavras caladas</div>
<div class="MsoNormal">
A combustão das crianças e dos cigarros que continuaram a
caminhada</div>
<div class="MsoNormal">
Os livros que não conseguem morrer </div>
<div class="MsoNormal">
E que adormeceram na esperança da ressurreição ámen </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Só as noites depois da despedida são de resistência</div>
<div class="MsoNormal">
Porque diante delas a poesia cumpre-se mais sincera</div>
<div class="MsoNormal">
E as janelas ainda obstruídas abrem-se para os lagos da
miséria</div>
<div class="MsoNormal">
Nos quartos da alma acumulados de certeza até ao tecto </div>
<div class="MsoNormal">
<i>Inúteis como polícias na cena de um crime</i></div>
<div class="MsoNormal">
E os panos dos espelhos cedem ao olhar compassivo sobre ele
mesmo</div>
<div class="MsoNormal">
O olhar cansado onde o adeus às lágrimas começou há tanto
tempo</div>
<div class="MsoNormal">
Sobre os livros cravejados de rosas mordidas que ainda
respiram </div>
<div class="MsoNormal">
Por quem os sinos dobram como o ano da morte de um amante</div>
<div class="MsoNormal">
Que atravessou o meridiano onde a leveza de carácter era
insustentável </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Só as noites depois da despedida são a perturbação da
verdade</div>
<div class="MsoNormal">
Onde se adoece pelos vendavais do medo como uma andorinha ou
um gato</div>
<div class="MsoNormal">
Por cento e vinte anos de solidão e cólera </div>
<div class="MsoNormal">
Noites de inferno inclusas num pêndulo ao pescoço </div>
<div class="MsoNormal">
Como um Quixote sem ficções </div>
<div class="MsoNormal">
Como quem espera ver o anjo o corvo </div>
<div class="MsoNormal">
Um pequeno príncipe em desassossego</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
É nas noites depois da despedida que os festins estão nus</div>
<div class="MsoNormal">
Que se anuncia a cama </div>
<div class="MsoNormal">
No pináculo da montanha mágica onde o paciente iluminado </div>
<div class="MsoNormal">
É um deus de fogo agrilhoado e nu que se levanta </div>
<div class="MsoNormal">
Um viajante em busca de um tempo perdido </div>
<div class="MsoNormal">
Numa noite de inverno ao fim da tragédia </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
É nas noites depois da despedida que os pauis ganham sentido</div>
<div class="MsoNormal">
A aparição revelada de um deus sobre as ondas com as duas
tábuas da poesia</div>
<div class="MsoNormal">
Um anjo maldito que sobre as moscas e sobre as ratazanas
partisse</div>
<div class="MsoNormal">
Ao som da flauta que um velho toca lá longe no fim do mar </div>
<div class="MsoNormal">
E mesmo que a tabacaria tenha fechado para férias,</div>
<div class="MsoNormal">
Que os que se amam se reencontrem na fome e na náusea do escrever</div>
Constanza Muirinhttp://www.blogger.com/profile/11513634701612871054noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6257884560734936333.post-89601563410479816662012-09-21T17:43:00.001+01:002012-09-21T17:43:38.150+01:00NO INTERIOR<br />
<div class="MsoNormal">
<i><span lang="EN-US" style="background: white; color: #222222; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-family: Arial;"> </span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span lang="EN-US" style="background: white; color: #222222; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-family: Arial;"> “For sale: baby
shoes, never worn”</span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Exalto </div>
<div class="MsoNormal">
As moléculas medusas de momentos das manhãs memória</div>
<div class="MsoNormal">
As mães</div>
<div class="MsoNormal">
Nas mãos transparentes das crianças trémulas</div>
<div class="MsoNormal">
Ainda a pisar sóis a queimar as heras</div>
<div class="MsoNormal">
A ceder a inocência aos bosques da sabedoria</div>
<div class="MsoNormal">
Onde os assassinos coleccionam a cortiça estuprada </div>
<div class="MsoNormal">
Para apaziguar a velhice dos astros divinos</div>
<div class="MsoNormal">
Com peso a mais nos machados para conseguirem sorrir</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Sob a noite o lume certeiro das lâminas manchadas</div>
<div class="MsoNormal">
Sob as contas siderais dos coágulos púrpura</div>
<div class="MsoNormal">
Orvalham intoxicados fantasmas inocentes e inseguros </div>
<div class="MsoNormal">
Há uma ama com asas de anjo a persegui-los em cada um de nós</div>
<div class="MsoNormal">
Há um machado que julgámos puro a silvar na erva</div>
<div class="MsoNormal">
E rodas infantis impiedosas espalhadas pela floresta como
ampulhetas douradas</div>
<div class="MsoNormal">
E a lua em contagem minguante a pratear todos os silêncios</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Constanza Muirinhttp://www.blogger.com/profile/11513634701612871054noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6257884560734936333.post-82398707283957562322012-09-21T16:49:00.002+01:002012-09-21T16:49:23.324+01:00O DEUS DOS PEIXES<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Poderão os peixes com eixos de bicicletas saber</div>
<div class="MsoNormal">
A que distância estão as estrelas do deserto marítimo?</div>
<div class="MsoNormal">
Saberão ainda os homens quais os búzios de onde se escuta
melhor a noite</div>
<div class="MsoNormal">
E que sustentáculos suportam os polvos que habitam a lua?</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Poderá deus indicar-me um nome apenas um nome</div>
<div class="MsoNormal">
Ou alguém que me diga quais os deuses que os peixes
escolheram?</div>
<div class="MsoNormal">
E tu poderás pôr o braço à minha volta por engano</div>
<div class="MsoNormal">
Sem nunca te apiedares de mim?</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Podem pôr a tocar a decadência?</div>
<div class="MsoNormal">
A jukebox deu o berro porque o deus dos peixes preferiu a
madeira</div>
<div class="MsoNormal">
Os homens já não procuram os búzios por entre a noite</div>
<div class="MsoNormal">
Os polvos da lua caíram ao mar quando a música acabou</div>
<div class="MsoNormal">
Deus não tem nome, é analfabeto </div>
<div class="MsoNormal">
Levaram-te para a catedral e cozeram o teu barro à parede</div>
<div class="MsoNormal">
Deixaram que os teus braços se partissem durante o processo</div>
<div class="MsoNormal">
E ainda há quem acredite em milagres!</div>
Constanza Muirinhttp://www.blogger.com/profile/11513634701612871054noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6257884560734936333.post-3034684395813413752012-09-21T16:48:00.001+01:002012-09-21T16:48:05.087+01:00MOTEL<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Os passos de quem uma vez soube andar estão à saída</div>
<div class="MsoNormal">
A trás a parede onde a porta ausente acusava o conforto</div>
<div class="MsoNormal">
À frente o copo desabitado do bêbedo o litoral ilimitado </div>
<div class="MsoNormal">
Ele não respira e os passos avançam lentos às apalpadelas</div>
<div class="MsoNormal">
Para a cama sobre a montanha com a canção pronta a encantar</div>
<div class="MsoNormal">
Que intimida e acode e confunde numa estadia fugitiva na
insónia</div>
<div class="MsoNormal">
Os papeis que a mala não impediu de se dividirem </div>
<div class="MsoNormal">
Os pathos e os logos e os eus e os outros extraviados no
universo</div>
<div class="MsoNormal">
Porque é na maior ressaca que um homem se afirma</div>
<div class="MsoNormal">
Uma lâmpada à mesa inversa vibra como uma mão idosa</div>
<div class="MsoNormal">
E os passos encalham nos dentes imorais da vergonha </div>
<div class="MsoNormal">
A beleza como a única meta decente é incerta como uma
criança </div>
<div class="MsoNormal">
E os pulmões comprimidos de Espaço suportam o adiamento </div>
<div class="MsoNormal">
No suspenso dos quartos provisórios insondados tão banais </div>
<div class="MsoNormal">
Onde nas portas sempre a mesma oração de lâmpada embriagada
oscila:</div>
<div class="MsoNormal">
Onde há hoje a maior firmeza já houve a maior derrota</div>
Constanza Muirinhttp://www.blogger.com/profile/11513634701612871054noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6257884560734936333.post-22603399950376837472012-09-19T01:56:00.004+01:002012-09-19T02:25:45.797+01:00amorAmor<br />
<div class="MsoNormal">
Que o teu corpo brutal se desdobrasse asas </div>
<div class="MsoNormal">
Um dia só das clepsidras em cujas cores a dimensão do amor
se afirma</div>
<div class="MsoNormal">
Com a honestidade do silêncio cinzelado de brisa</div>
<div class="MsoNormal">
Assim leve a interrogação que é o teu corpo descoberto</div>
<div class="MsoNormal">
Apaziguasse </div>
<div class="MsoNormal">
A tempestade e o tumulto dos sussurros do toque</div>
<div class="MsoNormal">
Pleno de mácula o corpo porque é do sujo que se ergue a convicção</div>
<div class="MsoNormal">
Como se da fermentação dos poros a alma se reabrisse clareira</div>
<div class="MsoNormal">
Do reflexo buscado fora dos espelhos para não despertar</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Que morresses</div>
<div class="MsoNormal">
Para que a beleza do sono te tocasse e eu sentisse culpa</div>
<div class="MsoNormal">
Para que enfim pudesse dormir encostada à tua aquática morte</div>
<div class="MsoNormal">
Ou diluído como quando vinhas e tudo voltava para ti a cabeça</div>
<div class="MsoNormal">
E todas as cores se assombravam à tua volta </div>
<div class="MsoNormal">
À volta da tua impassibilidade</div>
<div class="MsoNormal">
Até à humidade do meu olhar</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Quero</div>
<div class="MsoNormal">
Repetir</div>
<div class="MsoNormal">
Amor</div>
<div class="MsoNormal">
Ainda que
a tua morte me seja doce nos lábios</div>
<div class="MsoNormal">
Sei que escutas a minha sombra deitar-se sobre o teu mendigo
adormecer </div>
<div class="MsoNormal">
Por detrás das acções das novas peles sei que a sentes mesmo
no adiamento</div>
<div class="MsoNormal">
E que para teus passos vazios converge o rumor dessa palavra
</div>
<div class="MsoNormal">
Oculta na chrónica imortalidade do nosso nome </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Constanza Muirinhttp://www.blogger.com/profile/11513634701612871054noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6257884560734936333.post-81532725337829834822012-09-16T20:29:00.002+01:002012-09-16T20:29:44.921+01:00<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Pela morada-norte com seus peixes de linhas de letras
inscritos no sopro das paredes</div>
<div class="MsoNormal">
As navegações pela porção de sobras pelos frascos de vidro pelos
olhos </div>
<div class="MsoNormal">
Onde se acolhem o verde adocicado do ópio as chuvas de agosto</div>
<div class="MsoNormal">
À procura da voz salgada de declamar os veios das conchas os
fundamentos das cascas</div>
<div class="MsoNormal">
Com as mãos ainda protegidas na mesa a resgatar da madeira o
estro dos trilhos</div>
<div class="MsoNormal">
À espera do olhar descido do olhar complacente que se obriga
ao pretérito</div>
<div class="MsoNormal">
De quem tem agendada a morte para o dia imediato e é tão
humilde ao amor</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Os dedos brincam com as espadas sobre o corpo:</div>
<div class="MsoNormal">
São dolorosas as invasões do espelho que não permaneceu </div>
<div class="MsoNormal">
Os peixes que se formam do pó da reminiscência não cumprem
coisa nenhuma</div>
<div class="MsoNormal">
Conto-os e eles continuam a multiplicar-se se fecho os olhos
</div>
<div class="MsoNormal">
Não cumprimos o real nem eu nem esta morada nem a memória </div>
<div class="MsoNormal">
Ela que ainda raspa as unhas na madeira submerge nos
cadernos</div>
<div class="MsoNormal">
Circula </div>
<div class="MsoNormal">
A prata das canetas o negrume dos isqueiros ela que não se concilia
com o lume</div>
<div class="MsoNormal">
Que estranha o peso dos livros e proíbe a chuva com sua
decisão de escuro</div>
<div class="MsoNormal">
À procura de uma voz salgada que emerja das quimeras como
uma bússola </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Constanza Muirinhttp://www.blogger.com/profile/11513634701612871054noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6257884560734936333.post-49784219950168853522012-09-14T11:16:00.000+01:002012-09-14T11:16:07.357+01:00<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Onde estavas no Princípio </div>
<div class="MsoNormal">
Quando a verdade ainda não tinha estalado</div>
<div class="MsoNormal">
E as plantas ainda podiam mover-se?</div>
<div class="MsoNormal">
É tarde</div>
<div class="MsoNormal">
As cidades arvoraram suas colunas de ferro e medo</div>
<div class="MsoNormal">
E os jardins murados respiram o vapor de uma ácida utilidade
sulfúrica </div>
<div class="MsoNormal">
Desconhecerás a decomposição da beleza pelos largos e pelas
esquinas</div>
<div class="MsoNormal">
A evasão dos mortos para outra consistência que esta está
cansada de poluir</div>
<div class="MsoNormal">
Os sulcos cinzentos das asas da mariposa singular que sobrou</div>
<div class="MsoNormal">
E o sinal das serpentes que ousam ainda sustentar a terra
lavra como um veneno</div>
<div class="MsoNormal">
Abrevia tu a extensão que separa a casa das estrelas cá em
baixo</div>
<div class="MsoNormal">
E senta-te comigo perto das labaredas dos objectos
impossíveis </div>
<div class="MsoNormal">
Sem contemplar no escuro recorramos à memória para dar as
mãos </div>
<div class="MsoNormal">
Invoquemos um e outro para que os salmões reapareçam para
que os imitemos</div>
<div class="MsoNormal">
E beija-me como no princípio como se ressurgíssemos </div>
<div class="MsoNormal">
No final da velhice sussurrada com os cabelos oxidados de
terra</div>
Constanza Muirinhttp://www.blogger.com/profile/11513634701612871054noreply@blogger.com0