Que se insurgissem as mágoas
Contra as caves do desespero
Tanto faz
Que aos que desesperam nada mais se lhes estende
A não ser as cordas
A música que se ouve é a nudez de um pé nos estilhaços
Mercúrio contra a descontínua pele dos abraços
Sobre uma rima interpolada e breve
Afinal a casa estava trancada
Como sempre
Preveni-te de que estaria
Mesmo que tu me repitas que te vou encontrar lá
Memorizei as unhas que arranhavam a porta
Ainda te quis pedir permissão para as baptizar
Mas há brancuras demasiado puras para poder mergulhar na pia
Não não me lembro quem disse isto
Tu ou eu
Confundo os avisos que aparecem de vez em quando no
frigorífico
Sei de cor a saliva que os mantém mas não
Já não sei quem disse o quê
Sabes, acho que estamos a ficar lúcidos
Emparedados os nomes adoecem
Sobre a mesa
Todas as mãos se inverteram ao mutismo das coisas livres
Dizer nós para que o sol resulte pelas saliências
Como uma cegueira da alma
No silêncio sem um queixume
Como quem não se consegue adormecer?
Quantas vezes não esperamos uma inutilidade complexa
Um galho que subitamente nos dividisse sozinho
A sombra déspota que ao se descobrir nos invadisse
Talvez a História seja um pequeno pomar em declínio
Com os ramos perplexos estendidos
Como os braços de alguém que se afoga
E deles desçam os frutos sobre a ignorância da paixão
Rolando sobre a simplicidade dos seus joelhos
Humedecidos de ocaso