Para que o teu nome transpire na página
É
preciso dar-te as semiluas palavras
Sem
ter garganta onde a voz se cumpra
É
preciso dar-te a morosa embriaguez
Com
que sempre agrides a noite
Sem
ter copo para irrigar a utopia dos lábios
Para
que eu dance submeto-me à transmutação das estátuas
Submeto-me
para cumprir do meu ar à tua terra o mar
Submeto-me
Quando lanças as clandestinas letras lobos em volta do verbo
Livre
E o fio desabitado e inteiro do sanguíneo rasto consagra a
página
Enquanto entornas nas margens afiadas nódoas ténues nós vírgulas
Peixes de vidro tingidos de asteriscos ganchos antigos
faróis
Azulados lumes no enevoado e exíguo princípio de um búzio
Onde alguém arrasta ruidosamente a cadeira para ir morrer
sozinho
Envolvido de envidraçados peixes labaredas de verdes letras
Que perfuram e mergulham e emergem pelas alamedas da folha
Onde os barcos que comandaste partiram para o fim do verso
Mas a beleza foi um fragmento de papel que sem querer alguém
rasgou
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