Mãe,
que cartas
Por que rumores escondidos
Por que árvores
interrompidas
De homens discretos
Esquecidos
Por que gestos de neve
Por que delírios de mar
breve
Te deveria escrever?
Que mutismos
brutos
Te retalham os pés
Enquanto transitas as minhas
palavras
Que promessas
De relógios ocultos
Eram as badaladas
De quando falavas?
Mãe,
que cartas
Presas à corda de estender
Do quintal do meu adiamento?
Que
cucos pararam de cantar
Na sala de lume de minhas
primaveras idas?
Junto
ao fogo das fábulas
A avenida das iluminuras
antigas
E tu que alisavas flores
Tu que acomodavas a paixão
Nas prateleiras do teu tédio
E eu que sabia tuas cores
Teu adormecer como remédio
Tuas redivivas angústias de
pequena
As refeições que longínqua preparavas
Tua pele falsamente serena
E eu que te sabia
Que te lia
Para te ver no suspenso do
sono
Te ver sobrevir no meu mundo
Para que me beijasses os
olhos
Para que desaguasses nos
meus sonhos
Meu Imbolc de esperanças,
Onde acontecíamos de mãos
dadas…
Mãe, que cartas
Quando o teu medo se colou
Às galerias da minha pequenez
Onde num baloiço te esperava?
Mãe, que cartas que letras
Poderiam danificar o teu
pesar
Além de ti para fora de mim
Que sonhar para te fazer
sonhar
Que morfeu que arlequim
Amarraria nos teus cabelos
Quando tu estás para lá do
mundo
Tão remota de tudo
Tão perto do Fim?
«A avenida das iluminuras antigas»
ResponderEliminar;-)
Obrigada, S.T.
ResponderEliminarEu é que agradeço .
ResponderEliminar