Ao Tristan
Cumpre-se a neve contra as artérias
Cumpre-se o homem o sangue (d)a rosa abstracta
Cumpre-se a porta de Hamelin:
A imaterialidade de um menino que dorme
(Voltado para baixo com a mão sobre o alento
Com a mão no abdómen com os olhos algures
Supõe-se protegido
quando em cinza se disfarça
Entre o amor e o lume dos pêssegos reinventados)
Órficos os passos ofídios e sete cigarros vezes sete
E uma noiva que acaba na gravidade da fala
E a prestidigitação de versos nas mãos ilusionistas
Célticas frias tão escassas – as mãos
Explicavas
Como quem procurava ajustar o silêncio
Explicavas
Amo devagar os
amigos que são tristes
com cinco dedos
de cada lado.
Os amigos
enlouquecem
e estão sentados,
fechando os
olhos,
com os livros
atrás a arder
para toda a
eternidade.
Não os chamo,
e eles voltam-se
profundamente
dentro do fogo.
Herpéton
por uma cidade luminosa a oscilar na opacidade da noite
Herpéton
onde o álcool e as horas nos empurravam contra o crescimento
Com
as palavras a escapar dos cabelos, perto da música e do propósito
Com o estalar da cumplicidade às pontes dos dedos
Sonolêncio,
Retomas ainda a experiência de luas por escrever
Espera, escuto:
-Temos um talento doloroso e obscuro
Construímos um lugar de silêncio
De paixão.
Volvidas as estações e as noites,
Meu irmão,
Há que voltar para casa
E amadurecer
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