Que o teu corpo brutal se desdobrasse asas
Um dia só das clepsidras em cujas cores a dimensão do amor
se afirma
Com a honestidade do silêncio cinzelado de brisa
Assim leve a interrogação que é o teu corpo descoberto
Apaziguasse
A tempestade e o tumulto dos sussurros do toque
Pleno de mácula o corpo porque é do sujo que se ergue a convicção
Como se da fermentação dos poros a alma se reabrisse clareira
Do reflexo buscado fora dos espelhos para não despertar
Que morresses
Para que a beleza do sono te tocasse e eu sentisse culpa
Para que enfim pudesse dormir encostada à tua aquática morte
Ou diluído como quando vinhas e tudo voltava para ti a cabeça
E todas as cores se assombravam à tua volta
À volta da tua impassibilidade
Até à humidade do meu olhar
Quero
Repetir
Amor
Ainda que
a tua morte me seja doce nos lábios
Sei que escutas a minha sombra deitar-se sobre o teu mendigo
adormecer
Por detrás das acções das novas peles sei que a sentes mesmo
no adiamento
E que para teus passos vazios converge o rumor dessa palavra
Oculta na chrónica imortalidade do nosso nome
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