domingo, 16 de setembro de 2012




Pela morada-norte com seus peixes de linhas de letras inscritos no sopro das paredes
As navegações pela porção de sobras pelos frascos de vidro pelos olhos
Onde se acolhem o verde adocicado do ópio as chuvas de agosto
À procura da voz salgada de declamar os veios das conchas os fundamentos das cascas
Com as mãos ainda protegidas na mesa a resgatar da madeira o estro dos trilhos
À espera do olhar descido do olhar complacente que se obriga ao pretérito
De quem tem agendada a morte para o dia imediato e é tão humilde ao amor

Os dedos brincam com as espadas sobre o corpo:
São dolorosas as invasões do espelho que não permaneceu
Os peixes que se formam do pó da reminiscência não cumprem coisa nenhuma
Conto-os e eles continuam a multiplicar-se se fecho os olhos
Não cumprimos o real nem eu nem esta morada nem a memória
Ela que ainda raspa as unhas na madeira submerge nos cadernos
Circula
A prata das canetas o negrume dos isqueiros ela que não se concilia com o lume
Que estranha o peso dos livros e proíbe a chuva com sua decisão de escuro
À procura de uma voz salgada que emerja das quimeras como uma bússola


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