O Frio é o companheiro de todas as horas do Sr.
Américo e mais uma vez fielmente o espera à saída do bar. O velho chega à
fábrica a abanar a cabeça ao som dos animais que caem pelas chaminés e abre a
porta de sua casa e não a torna a fechar para sentir o Frio inteiro nos ossos.
Arqueado como se conspirasse, vai direito à poltrona de veludo verde onde se
sentava com Margarita a ver televisão. Deita a mão à mesa de apoio, acende o
candeeiro de luz cor-de-rosa e da gaveta retira uma corda, cuja perfeição do
laço o comove sempre. Deposita-a cuidadosamente sobre a magreza das pernas. Com
os dedos engelhados, percorre as curvas sinuosas e antigas da corda, o
intricado de fibras, como quem afaga o pêlo de um pequeno gato. Na verdade, quase
pode ouvir a corda ronronar. Sabe que não precisa de pensar muito para saber o
motivo pelo qual a sua mulher quis terminar com a própria vida, mas a velhice é
uma óptima desculpa para esquecer.
Bem... desta não estava à espera... Dois excertos depois e a vontade de ler o romance completo continua a aumentar. Carry on...
ResponderEliminarA anemia é um cabo dos trabalhos mas anda, ela anda :P
EliminarObrigada, querido Jaime