domingo, 30 de dezembro de 2012


Deus não ri porque é eterno
Os animais não riem porque desconhecem a morte
Nós rimos porque a esperamos
Por isso aproxima o copo do espaço estrelado silencioso e oco
E ri-te
E bebe as questões que a eternidade não quis responder
As cordas da harpa ainda repetem sob os rochedos
Há neles escamas de miséria que reluzem como amantes
E ouvem-se longínquos uivos dos ossos que duraram
Os navios
Nascem dos indefinidos olhos dos deuses
Até à língua do primeiro homem que vigiou o abismo
A última gargalhada de Cristo
Com o pesar da culpa ulterior na rouquidão da voz

A terra sempre resistiu aos clamores

5 comentários:

  1. Vamos rir enquanto pudemos, porque depois, só haverá o sorriso irónico e imperecivel dos ossos, o sorriso de alguém que finalmente entendeu a piada e não a quer contar...

    Mais uma obra arrepiante... muito bem mesmo (:

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  2. ;) certíssimo, querido Jaime! Mas acho que, se a soubesse, contava-ta para não me ficar a rir sozinha

    Obrigada!
    Um beijo

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    1. Ps-passa pelo meu novo blogue e lê a melancolia da resistência. depois vê o filme, caso ainda não o tenhas visto, e diz-me o que achaste (desafio 2013. E bom ano!)

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